Manaus (AM) – Após dois meses foragida da Justiça, Luciane Barbosa Farias, conhecida nacionalmente como “a dama do tráfico”, foi capturada na manhã desta quarta-feira (28), em Manaus. A prisão foi realizada por policiais civis da Delegacia Especializada em Roubos, Furtos e Defraudações (DERFD), sob o comando do delegado Thomaz Vasconcelos.
Luciane é esposa de Clemilson dos Santos Farias, o “Tio Patinhas”, apontado como líder da facção Comando Vermelho no Amazonas. Ela foi condenada por crimes de lavagem de dinheiro, associação ao tráfico e participação em organização criminosa, sendo considerada uma das principais articuladoras financeiras do grupo criminoso.
Repercussão nacional
A figura de Luciane ganhou repercussão nacional em 2023, quando ela participou de reuniões em Brasília com representantes do Ministério da Justiça, alegando atuar em nome de uma ONG de direitos humanos. A entidade, no entanto, passou a ser investigada por suspeita de ligação com o crime organizado.
As reuniões provocaram polêmica e foram alvo de investigações, tanto por parte da imprensa quanto de órgãos de controle, como o Ministério Público e a Polícia Federal. A presença de Luciane em ambientes institucionais do governo federal expôs uma falha grave na triagem de interlocutores e escancarou a ousadia da facção em atuar nos bastidores do poder.
Prisão e encaminhamento
Segundo a Polícia Civil, a prisão ocorreu de forma planejada e sem resistência. Luciane foi localizada em uma residência na zona centro-sul de Manaus, onde estaria se escondendo com apoio de aliados da facção. Após a captura, ela foi levada para a sede da DERFD e, após audiência de custódia, será transferida para o Centro de Detenção Provisória Feminino (CDPMF), onde cumprirá pena.
A ação faz parte de uma ofensiva das forças de segurança contra a cúpula do Comando Vermelho no estado, que nos últimos anos intensificou sua presença e controle sobre o tráfico de drogas na capital e no interior do Amazonas.
Histórico criminal
Luciane Barbosa já era investigada há anos pelos setores de inteligência da Segurança Pública, sendo considerada uma peça-chave na estrutura financeira do Comando Vermelho. De acordo com as investigações, ela atuava na lavagem de recursos ilícitos por meio de empresas de fachada e movimentações bancárias suspeitas.
Além de seu envolvimento direto nas finanças da facção, ela também exercia influência sobre decisões logísticas e operacionais, inclusive coordenando compras e distribuição de drogas, segundo relatórios policiais anexados aos autos do processo.